terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Arte e A Fé Cristã


“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;” 1ª Timóteo 6:17 ACF

Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” Colossenses 3:15 NVI

Recentemente nas mais variadas mídias, tem ocorrido muito debate a respeito da arte, com isso, cristãos tem procurado saber como se posicionar, tentarei dar alguma contribuição a fim de esclarecer algumas questões. Espero ainda com a indicação de 05 (cinco) livros e os comentários sobre eles subsidiar a argumentação.

Há uma forte crítica de que os Cristãos não têm leitura e por sua vez cultura, àqueles que me conhecem poderão dizer o quanto milito esta questão há anos. Procuro sempre em meus artigos e minhas aulas, ir além da “resposta óbvia”, tentando promover reflexão e, inquietação no sentido de colocar meus alunos, alunas, leitores e leitoras “em movimento”.

Cultura é o cultivo de hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos, estruturas de poder, estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais e rotinas, tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação, enfim tudo que o ser humano produz é cultura.

Arte

Há vários meios de fazer arte ou obra de arte, a literatura, que é como se colocar o mundo numa folha de papel por exemplo.

É sempre bom conhecer um pouco mais sobre a história da arte, e pode-se dizer que a arte está totalmente ligada a religião, pois, foi através dos cultos religiosos que surgiu a arte, tudo que era feito antigamente tinha influência da/na religião, inclusive à arte, eram feitas estatuetas, pinturas, consideradas muito importante para os religiosos, e ao mesmo tempo, surgia o conceito de arte discutido hoje.

A arte portanto, é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura.

A expressão a sétima arte:

Para quem ainda não sabe, esse termo surgiu em 1911, dado por Ricciotto Canudo no "Manifeste des Sept Arts" (Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado apenas em 1923.

Através do manifesto, o teórico e crítico de cinema Canudo, pertencente ao futurismo italiano, pretendia distanciar a ideia de que o cinema era um espetáculo para a massa, mas aproximá-la e integrá-la a categoria das Belas Artes, como, a música, pintura, escultura, arquitetura, poesia e a dança.

A numeração das artes refere-se ao hábito de estabelecer números para designar determinadas manifestações artísticas. Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto: 8ª  Fotografia (imagem); 9ª  Historia em quadrinhos (cor, palavra, imagem); 10ª  Jogos de Video 11ª  Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).

Como se posicionar frente a qualquer impasse:

“Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” 2ª Timóteo 1:7

Quem dá a Inspiração para toda sabedoria e arte:

“Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles.” Salmos 68:18

Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 1:17

“Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor, Para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, E em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor. E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo o que te tenho ordenado. A saber: a tenda da congregação, e a arca do testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os pertences da tenda;” Êxodo 31:1-7

Compare com:

“Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre; Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos, E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?" Jó 38:1-11

“Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?” Jó 38:36

Quando um evangélico começa a avaliar alguma arte, já é considerado como intolerante e preconceituoso. Infelizmente, para defender uma cultura, as pessoas acham que devem desmerecer outras.

Hans Rookmaaker em seu livro, declara que “a arte não precisa de justificativas. Isso quer dizer que a arte não tem um valor por causa de sua utilidade, mas porque Deus fez dela um meio para espelhar Sua própria beleza. O próprio Deus deu ao homem o talento artístico (Tiago 1:17; Êxodo 31:1-7).


O livro é dividido em quatro breves capítulos. No primeiro deles, “O pano de fundo de um dilema”, o autor faz uma breve retrospectiva histórica, demonstrando como a arte sofreu profundas alterações através dos tempos. A arte, que era definida em termos de aplicação de técnicas adequadas nos materiais corretos, transformou-se em algo abstrato, desconectado da realidade e – o que parece irônico – extremamente religioso. Todo esse processo caminhou de mãos dadas à tentativa de retirar a influência da religião institucional sobre as mais variadas áreas da vida humana.

E onde estavam os cristãos quando essa perspectiva difundiu-se e invadiu, inclusive, as artes? Essa questão é levantada e respondida no segundo capítulo, “A resposta da Igreja”, no qual o autor analisa a razão do afastamento entre o cristianismo e a cultura e as consequências advindas deste, apresentando bases sólidas para o envolvimento do cristão com a realidade criada.

No capítulo três, “A tarefa do artista cristão”, Rookmaaker rompe com diversos paradigmas atuais da arte “gospel”. A declaração “trabalhar como cristão não é fazer uma arte e adicionar um complemento, o elemento cristão” contrasta com muito do que temos visto na música cristã contemporânea brasileira. Em contraposição, o autor defende – partindo de uma perspectiva que confronta qualquer noção de neutralidade da ação do homem – que o artista cristão necessariamente irá refletir o que o define enquanto ser humano: sua criação a imagem e semelhança de Deus, queda no pecado e redenção por meio de Jesus Cristo, ou seja, o fato dele ser cristão.

No capítulo quatro, “Diretrizes aos artistas”, o tema que dá nome ao livro é tratado com maior amplitude. Outros tópicos também são abordados, como: arte e realidade, arte e sociedade, normas de arte, norma e gosto, problemas de arte e estilo, fama e anonimato, as qualidades do artista e o caminho do artista cristão. O autor defende que a arte possui valor intrínseco, pelo simples fato de ser uma possibilidade dada por Deus. Portanto, não necessita justificar-se por meio das funções que eventualmente exerça, por mais importantes que sejam.

Francis Shaeffer em seu livro A Arte e a Bíblia, cita 4 padrões para julgarmos uma manifestação artística.


  • Excelência técnica: precisamos ser honestos e reconhecer o talento das pessoas, sejam elas cristãs ou não.


  • A arte não pode ser produzida com a finalidade última de ganhar dinheiro. Isso não quer dizer que ela não possa ser um meio através do qual isso acontece. 


  • Não podemos considerar como bela uma arte que reflete uma cosmovisão de algo falso ou imoral. 


  • Precisamos observar a coerência entre o veículo e o conteúdo da arte. Por exemplo, ao pintar um quadro que retrata uma cena dramática, o artista precisa escolher bem as cores que usará para que haja harmonia em sua obra.


Para Schaeffer, o cristão deve usar as artes para glorificar a Deus, não simplesmente como propaganda evangelística, mas como algo belo para a glória de Deus. A Arte e a Bíblia é uma obra fundamental para cristãos atuantes no mundo das artes. Neste clássico, Schaeffer examina o registro escritural da utilização de várias formas artísticas e estabelece uma perspectiva cristã sobre a arte. Com clareza e vigor, ele explica por que "o cristão é alguém cuja imaginação deve voar além das estrelas".

O Livro Cristo e a Criatividade – Rabiscando na Areia, de Michael Card traz uma interessante perspectiva acerca do texto bíblico de João 8, quando de maneira inusitada Jesus inclinando-se ao chão, em meio a uma séria discussão pública, começa a escrever na areia, atraindo assim a atenção de todos, para só então começar a falar. O autor de maneira inovadora mostra ao leitor, como o Mestre ensinou, por meio desta simples atitude, que cada cristão pode usar seus talentos para ensinar a Palavra e impactar sua geração de maneira criativa, natural e simples. A poesia contida nesta obra, encoraja o cristão a expandir o reino de Deus no meio da escuridão. Esta leitura conduz o leitor a enxergar-se como obras-primas de Deus, feitas em Cristo Jesus para criar novidade e encantar o mundo para a Glória de Deus.


Sobre a questão da Censura

Creio que os dois livros a seguir e o comentário que apresento ajudarão e muito na questão:

H. Richard Niebuhr apresentou em seu livro Cristo e Cultura, cinco categorias de classificação do relacionamento entre o cristão e a cultura, fornecendo, assim, ferramentas para descrever a forma que os cristãos encaram questões sociais, éticas, políticas e econômicas, são elas: O cristão contra a cultura; O cristão da cultura; O cristão acima da cultura; O cristão e a cultura em paradoxo; O cristão como agente transformador da cultura.



Já D. A. CARSON em Cristo e cultura: uma releitura, sugere como os cristãos devem interagir com a cultura em que vivem. O autor faz uma releitura da tipologia clássica de H. Richard Niebuhr, Carson propõe uma solução unificadora. Lançando mão dos pontos decisivos do enredo bíblico, como a queda, o chamado de Abraão, a vinda do Messias, sua morte, ressurreição e segunda vinda, e a dádiva do Espírito Santo, o autor argumenta que, somente quando todas as categorias bíblicas são consideradas simultaneamente, é possível contribuir para o entendimento correto da cosmovisão cristã e suas implicações na relação diária do cristão com a política, as artes, a educação, e todas as demais áreas da cultura.



Relatório de Willowbank

A afirmação de que o cristão é um agente transformador da cultura pode ser resumida na compreensão de que “uma vez que o homem é criado por Deus, parte de sua cultura será rica em beleza e bondade. Por causa da queda e do pecado do homem, toda a sua cultura (usos e costumes) está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca” (Pacto de Lausanne §10)o evangelho nunca é hóspede da cultura, mas sempre seu juiz e redentor.

O Grupo de Teologia e Educação de Lausanne propôs um modelo hierárquico de ação sobre a entrada do evangelho na cultura (Relatório de Willowbank, 1978) que pode ser de auxílio em nosso trato com a cultura ao nosso redor.

Em janeiro de 1978, tendo como moderador o reverendo John Stott, se reuniram, 33 teólogos, antropólogos, linguistas, missionários e pastores, em Willowbank, nas Ilhas Bermudas, para uma consulta sobre “O Evangelho e a Cultura”. Ali, além da publicação dos textos apresentados, produziram um documento final denominado de “O Relatório de Willowbank”, de ampla circulação.

Observação importante: a maioria dos cristãos se quer sabem o que é o Pacto de Lausanne.

Para ler o Relatório e o Pacto de Lausanne você pode acessar o link:


“E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. Mas vós não aprendestes assim a Cristo, Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente;” Efésios 4:17-23

“Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é bom. Aquele que faz o bem é de Deus; aquele que faz o mal não viu a Deus.” 3ª João 1:11

Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” Tiago 5:7

Lembre-se:

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."  Romanos 11:36


CARD, Michael. Cristo e a Criatividade Rabiscando na areia. Editora Ultimato
SCHAEFFER, Francis. A Arte a bíblia. Editora Ultimato
ROOKMAAKER, H. R. A arte não precisa de justificativa. Editora Ultimato.
NIEBUHR, Richard. Cristo e Cultura. Editora Paz e Terra.
CARSON, D. A. Cristo e cultura: uma releitura. Editora Vida Nova

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